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Saneamento e Sustentabilidade

por Ivana Jatoba

Semana passada, participando do Seminário sobre Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável, um dos componentes da mesa falou que para cada R$ 1,00 que o poder público investisse em saneamento básico, R$ 4,00 seriam economizados no sistema de saúde. Confirmei esta declaração logo depois e fiquei ainda mais mais chocada quando li que sete crianças morrem todo dia no país, vítimas de diarreia e outras 700 mil pessoas são internadas a cada ano nos hospitais públicos devido à falta de coleta e tratamento de esgoto. Nas zonas rurais a coleta de esgoto atinge apenas 4% da população (Fonte: Instituto Trata Brasil).

As obras de saneamento básico são constituídas de procedimentos relativamente simples e baratos, mas que surtem efeitos extremamente positivos na saúde e qualidade de vida da população. Serviços como instalação de rede de água e de esgoto, drenagem de águas pluviais e despoluição de córregos e canais, além de coleta de lixo deveriam abranger as áreas urbanas de todas as classes sociais, porém sabemos que não é isso que acontece, pois o poder público não quer gastar com obras que ficam enterradas depois de prontas e não rendem votos nas eleições.

Uma cidade bem saneada incorpora os três pilares da sustentabilidade: o ambiental, uma vez que resíduos sólidos, líquidos e gasosos devidamente coletados, tratados e descartados contribuem para a manutenção da integridade e da capacidade de suporte dos ecossistemas e da biodiversidade local, deixando os solos, vegetação, rios e mares adequadamente preservados; o social, já que o fator saúde é item primordial para o desenvolvimento de uma sociedade, juntamente com educação, e sem saneamento básico as pessoas e animais ficam expostos a doenças graves; e o econômico, pois quando se investe em saneamento, há redução de gastos na saúde, como já foi citado e há também a criação de novos empregos todo ano. Contudo, segundo o Instituto Saúde e Sustentabilidade, nos últimos quatro anos, o investimento em saneamento básico foi de 0,22% do PIB, quando deveria ser de 0,63%, um dado lamentável.

Espero ter chamado a atenção dos leitores em relação à importância do saneamento básico na sociedade e no contexto urbano de sustentabilidade. O Brasil possui um enorme passivo nesta área. Por isso é preciso a participação social no controle e na vontade política pela universalização do saneamento. Hoje as redes sociais e a mídia podem contribuir para este fim. Então, se você ver algum agente poluidor dos corpos hídricos, do solo ou do ar, vazamentos na rede de abastecimento de água ou de esgoto, faça um filme, compartilhe, denuncie! Vamos ajudar na luta por um país mais justo e sustentável.

Foto: Thinkstock

Ivana Jatobá é Engenheira Civil graduada na Universidade Católica do Salvador, especializada em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia e Mestre em Gerenciamento de Engenharia Ambiental pela University of Technology, Sydney, Austrália.

Ivana Jatobá escreve às quintas aqui no Universo Jatobá.

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