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Férias para sempre

por Putz da Vida

Outro dia eu vi na televisão um anúncio que me deixou pensativo. Uma garota de uns dez anos dizia, de uma maneira bem afetada, o quanto ela ficaria feliz se tivesse de férias de verão, de inverno, de primavera e de outono! Que beleza de vida! Só férias o tempo todo. Nenhuma obrigação. O prazer de não fazer nada.

O curioso e preocupante é que esta atitude parece ser uma característica do nosso povo. O ideal é não ter nenhuma obrigação. Trabalhar é horrível e só os trouxas o fazem.

Lembro-me de um humorista a quem indagaram se era verdade que ele tinha dez irmãos.

– Sim, respondeu ele.

E todos vivos?

– Não, tem três que trabalham.

O conceito é de quem não trabalha, o malandro é que é o esperto. Os que trabalham são coitados que carregam o fardo.

Nosso cancioneiro, desde as antigas duplas sertanejas até Chico Buarque, está repleto de exaltações ao ócio. – “Nunca trabalhavam, então achavam a vida linda e acham ainda…”.

Se a gente começar a pensar, ler mais sobre o assunto e tentar saber o que acontece nos países ricos, pode-se até deduzir que talvez sejamos um país pobre porque não valorizamos o trabalho.

Nos países ricos, o trabalho é sempre considerado um dever e até uma honra. Não trabalhar é visto como uma vergonha.

Não tenho nenhuma explicação para isto, mas os sociólogos devem ter.

 

Putz da Vida é Engenheiro Civil e Eletricista, pós-graduado em Administração de Empresas com especialização nos EUA. Após um breve período na construção civil, trabalhou durante mais de 40 anos como executivo. Aposentado, faz consultorias eventuais e estuda música.

Putz da Vida escreve aos domingos aqui no Universo Jatobá.

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