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Reciclagem do gesso

por Ivana Jatoba

A reciclagem de resíduos não é novidade no ramo da construção civil. É cada vez mais comum as construtoras adotarem uma postura em pró da sustentabilidade, não só para obedecer à legislação vigente, mas para buscar melhorias em qualidade e economia. E no meio de tanto material a ser reaproveitado, o gesso merece destaque, não só pelo seu crescente uso nas construções, mas também pela sua versatilidade ao ser reciclado.

O consumo de gesso em obras novas e reformas aumentou muito desde a década de 90, principalmente por conta da introdução do sistema “drywall” para as alvenarias de vedação. Somando com o uso do gesso em forros, sancas, revestimento e peças decorativas, é esperada a preocupação com o que fazer com o gesso oriundo de demolições ou sobras.

Resíduos de gesso não devem ser misturados a outros materiais considerados entulho e muito menos devem parar nos aterros sanitários, já que, quando isso acontece, seus componentes são dissolvidos e tornam-se inflamáveis ou podem formar bolsões, desestabilizando o terreno. O gesso reciclado pode ser reaproveitado na agricultura, na indústria de cimento e mesmo como insumo na fabricação de itens novos de gesso.

Na indústria cimentícia, o gesso reciclado pode ser adicionado em cerca de 5% ao cimento para atuar como retardador de pega. Esta propriedade confere ao cimento maior trabalhabilidade e faz com que o tempo de endurecimento seja mais longo.

Na agricultura, o uso do gesso (novo ou reciclado) é tradicional. Tem efeito fertilizante, pois é rico em enxofre e cálcio. Nas regiões áridas e semi-áridas, onde os solos normalmente são sódicos, o gesso atua como corretivo. O gesso também é condicionador de subsuperfície dos solos tropicais, especificamente em regiões de cerrado, onde o cálcio é geralmente deficiente e o alumínio é excedente. Nestes casos, o uso do gesso equilibra esses elementos, tornando o solo agricultável. Até o esterco fica mais eficiente como fertilizante, pois, quando misturado ao gesso, reduz as perdas de amônia.

O resíduo de gesso pode também voltar para a cadeia produtiva de chapas de drywall, placas para forro, sancas e demais itens, através da sua reincorporação no processo de fabricação desses materiais.

Já existem ATTs (Áreas de Transbordo e Triagem) em diversas cidades brasileiras, que recebem, separam e dão um destino adequado aos resíduos da construção civil, e o gesso está entre eles. Da mesma forma que são separados o plástico, metal, papel e vidro do lixo comum em nossa residência, o entulho também deve passar por este processo nos canteiros de obra. São atitudes assim que colocam o empresário do setor construtivo na vanguarda da gestão ambiental.

 

Ivana Jatobá é Engenheira Civil graduada na Universidade Católica do Salvador, especializada em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia e Mestre em Gerenciamento de Engenharia Ambiental pela University of Technology, Sydney, Austrália. Atua como consultora em implantação de sistema de qualidade ISO 9001 e Meio Ambiente ISO 14000 em canteiros de obras.

Ivana Jatobá escreve às quintas aqui no Universo Jatobá.

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