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A industrialização das construções

por Ivana Jatoba

Você já entrou num canteiro de obras de um edifício? Se já, percebeu como funcionam as etapas construtivas? Para quem é da área, é fácil distinguir o trabalho de cada equipe, mas, para os leigos, visitar uma obra em plena atividade significa entrar num cenário de muito barulho de máquinas, poeira, quebra-quebra, gritaria e desperdício de material.

Mas quando falamos, por exemplo, numa montadora de veículos, o que vemos? Quem já visitou alguma dessas multinacionais, sabe que o cenário é bem diferente. As peças chegam prontas para serem minuciosamente montadas, obedecendo aos procedimentos adotados, até que o carro sai de lá novinho para as concessionárias. É a chamada indústria automobilística. Nada de desperdício, não se vê poeira, nem quebra-quebra, muito menos improviso.

E o que a construção civil tem a ver com as montadoras de veículos? Bem, o que as construtoras almejam é justamente tentar implantar em seus canteiros a forma de trabalhar das montadoras, a chamada forma industrializada. É a industrialização das construções, conceito que busca o emprego de forma racional e mecanizada de materiais, meios de transporte e técnicas construtivas para alcançar maior produtividade e sustentabilidade.

Já pensou se os edifícios fossem construídos da mesma forma que os brinquedos tipo “lego”? As vigas, pilares e lajes chegariam ao canteiro já prontos para serem montados. E as paredes, ao invés de blocos a serem assentados um por um, teriam painéis vindos das fábricas para serem encaixados nos vãos correspondentes, e com as instalações elétricas e hidráulicas já instaladas. E os revestimentos cerâmicos, numa obra assim a quantidade já sairia do projeto para o papel, sem erros. E o cálculo, claro, adotaria peças inteiras de piso ou azulejo, dando adeus aos indesejados arremates. O canteiro se transformaria numa grande montadora de edifícios, como ocorre com os veículos.

Os benefícios seriam inúmeros: modulação, uniformidade, padronização dos processos, maior segurança, redução do número de operários, velocidade de execução, mais qualidade no produto final e principalmente, baixo índice de desperdício e menos geração de resíduos. Tudo a ver com a sustentabilidade na construção, não acha?

Mas, apesar de tantas vantagens, executar uma obra com esta dinâmica ainda não é tarefa fácil nem econômica. Para edificar uma casa ou um edifício de forma mecanizada, é necessário que toda a cadeia produtiva esteja envolvida no processo, trabalhando de forma sincronizada, e que todos saiam ganhando. Só que esta sincronização não é fácil de ser praticada, quando há tantas equipes diferentes envolvidas no processo. É preciso um planejamento minucioso e um nível muito alto de organização no canteiro. Sem contar que, nem sempre é vantajoso economicamente trabalhar com peças pré-moldadas vindas de fora. Pelo menos pro enquanto.

Bem, o conceito da industrialização das obras está cada vez mais arraigado no ramo da construção civil. Ainda não é praticado totalmente nos canteiros, mas é o que se busca, tanto nos projetos, como no planejamento e execução das obras. E a tendência é que os obstáculos sejam vencidos, dando lugar a esta forma sustentável de se construir.

Foto: Thinkstock

 

Ivana Jatobá é Engenheira Civil graduada na Universidade Católica do Salvador, especializada em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia e Mestre em Gerenciamento de Engenharia Ambiental pela University of Technology, Sydney, Austrália. Atua como consultora em implantação de sistema de qualidade ISO 9001 e Meio Ambiente ISO 14000 em canteiros de obras.

Ivana Jatobá escreve às quintas aqui no Universo Jatobá.

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