Universo Jatoba

O que suas necessidades fisiológicas têm a ver com economia de água? Mais uma vez, cá estou eu escrevendo sobre água, desta vez com dicas sobre aplicativos e plataformas colaborativas existentes na rede. Nunca passamos por um momento tão crítico, principalmente na região sudeste do Brasil. O nível do Sistema Cantareira atinge mínimas recordes, na pior situação da história. A Sabesp recorreu à bacia hidrográfica do Alto Tietê, que em três meses já baixou 8,6%. Formada por oito rios e represas, a bacia tem registrado quedas no seu nível, desde dezembro do ano passado.

Apesar de negar relação na decisão com a crise hídrica, o governo do estado de São Paulo anunciou que empresas que retiram água ou jogam esgoto nos rios dessa bacia hidrográfica terão que pagar por isso. A Fundação da Bacia do Alto Tietê pretende aplicar parte do dinheiro arrecadado em obras de proteção de mananciais e também em projetos de conscientização para o consumo racional da água.

Independentemente das ações governamentais, o cidadão tem que continuar fazendo sua parte. De acordo com a Organização das Nações Unidas, 110 litros de água são suficientes para atender as necessidades humanas. No Brasil – o país concentra 12% da água doce superficial do planeta -, contudo, o consumo pode chegar a mais de 200 litros por dia, segundo a Sabesp. A falta de água potável já é uma realidade para mais de 1,4 bilhão de pessoas no mundo todo, por isso, você que tem água de qualidade para beber pode se sentir privilegiado e saiba que tem o dever de cuidar desse bem.

Com a queda das temperaturas agora no outono e no inverno, realmente, é mais difícil abrir e fechar a torneira enquanto tomamos banho. Então, o que nos resta? Reduzir o tempo. Se você tem dificuldade, indico o aplicativo Sai Desse Banho, desenvolvido pelo movimento SWU (Starts With You. Em português: começa com você). O app traz três opções de tempo para o banho e, claro, a proposta de reduzir a permanência no chuveiro: de cinco para quatro minutos, de dez para oito ou 15 para 12. Se você estourar o tempo, uma música chata e estridente começa a tocar, obrigando-o a sair do banho para desligar o barulho. Só não vale levar o celular para dentro do box! Após salvar o histórico de seus banhos, o aplicativo mostra os tempos despendidos e a quantidade de litros economizada!

Agora, se você deixa a água do chuveiro escorrendo para disfarçar o que faz no banheiro ou até para relaxar, pode parar com essa mania! O Instituto Akatu e a Leo Burnett Tailor Made desenvolveram um aplicativo para isso: é o Fake Shower. “Em vez de ligar o chuveiro enquanto estiver fazendo o número dois perto de sua namorada (ou de seu namorado), ligue o Fake Shower. Ele disfarça do mesmo jeito aqueles ruídos desagradáveis, mas sem desperdiçar água. Afinal, o amor é cego. Mas não é surdo. Suas necessidades fisiológicas nunca foram tão ecologicamente corretas”, descreve de forma descontraída. O aplicativo também mostra os litros de água conservados e o equivalente em garrafas pet.

Caso o barulho d’água que você está ouvindo não seja virtual, mas real, é seu dever denunciar. O portal G1 criou um mapa interativo na página de São Paulo para que o cidadão aponte onde há vazamentos. Além de enviar informações sobre quanto tempo o problema persiste e se já houve contato com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, o leitor pode mandar fotos. Conforme as empresas de abastecimento se posicionam, as respostas são atualizadas no site.

E você, de que forma tem economizado e mobilizado outras pessoas para que elas poupem água? Mande suas dicas e sugestões!

 

Renata Cardarelli é jornalista e especialista em redes digitais e sustentabilidade pelo Instituto Atopos, da Universidade de São Paulo. Ao lado de cinco profissionais da área de comunicação e sustentabilidade, é idealizadora do projeto Tietê Digital. Atua na apuração da Rádio Globo, onde também é produtora. Além disso, contribuiu com trabalhos esporádicos para Rádio Eldorado, Rádio Gazeta AM e O Estado do RJ e passou pelas redações de portais Comunique-se e InfoMoney e Revista CULT.

Renata escreve às segundas-feiras aqui no Universo Jatobá.