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Casas de fardo de palha. Já ouviu falar?

por Ivana Jatoba

Acredito que todos conhecem bem a história dos três porquinhos: um deles vê sua casa de palha sendo destruída pelo lobo mau apenas com um sopro. A única casa que fica em pé é a casa de tijolo.

Parece engraçado, mas a ideia de que apenas construções de bloco e concreto são resistentes é cultural em nosso país, e historinhas assim corroboram com isso. Porém, as casas de fardo de palha, muito populares nos USA e Inglaterra, vem quebrar esses paradigmas e inovar o mercado da construção, apesar da sua antiga existência.

A casa de palha é composta de blocos de fardos de palha que, empilhados e devidamente fixados, compõem as paredes da casa. Podem ser apenas de vedação ou estrutural, quando suportam o peso da viga que sustenta o telhado. Para compor estas paredes, você precisaria basicamente de palha e uma enfardadeira, que é um equipamento agrícola que transforma a palha solta em blocos compactados.

O custo de se construir uma casa assim não é muito diferente de uma casa tradicional, pois as paredes são itens que representam, em média, apenas 15% do orçamento. Então, por que optar pela palha? Pela sua considerável capacidade isolante térmica. Quem habita numa construção assim sente menos frio no inverno e menos calor no verão.

É nisso que está a economia, pois pouco tem que se recorrer a aquecedores e ar condicionado, reduzindo substancialmente a conta de energia. Sustentável, não?

E tem mais: o fardo de palha não é inflamável, como alguns imaginam. Isso porque, se bem prensado, não dá lugar ao oxigênio, principal combustível do fogo. Mas as paredes precisam ser rebocadas, pois deixadas “in natura”, não cumprem sua função de isolante térmica e podem virar comida de vaca.

É importante também ressaltar que o material em questão aqui é a palha seca, não o feno. Para quem não conhece, pode parecer que é tudo a mesma coisa, mas não é. O feno não serve para esta função, pois não tem as mesmas propriedades da palha.

Eu ainda não soube de nenhum registro de que este método já está sendo aplicado aqui no Brasil. Mas é bom ficarmos atentos a métodos como este, pois, pelas vantagens econômicas e de viés sustentável, tudo indica que esta novidade seja adotada por aqui, pelo menos em regiões de clima de extremos.

Para quem se interessou, fica a certeza de que esta casa aí o lobo mau pode até soprar, mas não vai derrubar!

Ivana Jatobá é Engenheira Civil graduada na Universidade Católica do Salvador, especializada em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, e Mestre em Gerenciamento de Engenharia Ambiental pela University of Technology, Sydney, Austrália.

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