correndo

Parar, acalmar e descansar – Parte 1

por Debora Ganc

Existe uma história zen sobre um homem e um cavalo.

O cavalo está galopando rapidamente e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante.

Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita:

-Ei, aonde você está indo?

E o homem a cavalo responde:

-Não sei. Pergunte ao cavalo!

Esta é a história da nossa vida.

Estamos todo o tempo montados sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e mesmo assim não conseguimos parar.

O cavalo é a força dos nossos hábitos e somos arrastados por ela.

Estamos sempre correndo, sempre falando ao celular, sempre fazendo 3 coisas ao mesmo tempo, sempre atrasados. São tantas as informações que às vezes nos pegamos no meio de uma ação e nos perguntamos:

– O que é que eu estava fazendo mesmo?

Comemos sem sequer perceber o que estamos fazendo. Sentamos ao lado da pessoa que amamos, mas não percebemos que ela está ali. Andamos sem realmente perceber que estamos andando. Estamos sempre em outro lugar, pensando no passado ou no futuro. O cavalo dos nossos hábitos nos conduz e somos prisioneiros dele. De repente tudo se tornou “normal”, habitual. Nos acostumamos a funcionar no piloto automático.

Como podemos deter este cavalo, resgatar nossa liberdade e parar essa corrida maluca?

Como interromper este estado de agitação?

Como cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos pipocando de todos os lados?

Como interromper a força do hábito?

Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito e quando percebemos que ela se manifesta podemos muito bem dizer:

-Alô força do hábito, sei que você está aí!

Se ao dizer isso conseguirmos  sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. Podemos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.

O Budismo nos ensina que podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente e da contemplação profunda. Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, o aqui e agora. A partir da respiração colhemos os frutos  da compreensão, da aceitação e do amor . Também sentimos o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.

Podemos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar. Bastam três pequenas pausas durante o dia,  paramos o que estamos fazendo e inspiramos e expiramos conscientemente soltando o ar e acalmando nossas emoções. Isso é PARAR. Tenho certeza de que não estou falando nada de novo nem nada que já não tenha sido escrito, mas hoje isso faz sentido para mim, quem sabe também faça para você?

(1) = Thich Nhat Hanh, A Essência dos Ensinamentos do Buda (Editora Rocco)

(Thich Nhat Hanh. A essência dos ensinamentos de Buda: como transformar o sofrimento em paz, alegria e liberação. Coleção Arco do tempo. Tradução de Anna Lobo.Rio de Janeiro: Rocco, 2001.)

 

Debora Ganc é Terapeuta Sistêmica, Constelações Familiares, Constelações Empresariais. Gestalt e Programação Neurolinguística.

Debora Ganc escreve às quartas-feiras aqui no Universo Jatobá.

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