Hoje é Dia das Crianças e o Universo Jatobá fala hoje da importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil. Brincar é a forma que a criança tem de conhecer melhor o próprio corpo e o mundo e também de testar e aprimorar suas habilidades físicas e mentais.
“Brincar é o trabalho da criança – de conhecer o que acontece em volta dela, de tirar conclusões, de mostrar seus afetos. Esse é um motor poderoso, já que permite que saia da posição desamparada, tão pequenininha, querendo experimentar coisas do mundo adulto. Ela treina os próximos passos que dará com o crescimento”, diz a Dra. Vera Ferrari Rego Barros, presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade Pediátrica de São Paulo (SPSP).
Por ter relação íntima com crescimento, é importante escolher os objetos que possam melhor aguçar os pontos fortes e fracos em cada fase. Confira algumas dicas:
1 . Até dois anos
Nos primeiros meses de vida, o bebê brinca com os seios da mãe na hora de mamar, nesta atividade já é possível encontrar tentativas de diferenciar o que é o seu corpo e o que é o corpo da mãe. Nesta fase deve-se investir em brinquedos que chamem atenção pelas cores e sons – esses objetos ajudam a desenvolver a percepção visual e auditiva. Quando já conseguem ficar sentadas, são necessários estímulos que as tirem dessa posição de conforto, como alcançar objetos, além de manusear brinquedos grandes. Ao começar a andar, atividades de correr, escalar objetos e puxar carrinhos devem ser instigadas.
2 . De três a quatro anos
Conforme vai ficando mais velha, a criança começa a brincar de faz de conta e espelha situações diárias. “Quando brinca de casinha e dá comida pra boneca, ela está invertendo a posição dela, saindo de passiva para ativa. Revive suas experiências, representando a mesma postura da mãe”, explica. Além disso, elas se colocam em diferentes cenários. O papel de vilão, mocinho e vítima são demonstrações de diversos sentimentos que deixam transparecer por meio do ato de brincar. Medos e anseios são melhor compreendidos – é importante deixar a criança criar histórias livremente e sem as limitações do mundo real, dessa forma ela se conhece melhor por meio de diferentes pontos de vista. “O brincar de uma forma geral, seja com um brinquedo ou com histórias, tem função de criar situações em que ela pode exercer vários papeis, agir como se fosse mais velho e sem medo. Vencer o medo faz parte de brincar”, comenta.
3 . De cinco a seis anos
Os jogos motores e criativos devem permanecer, sempre sendo aprimorados com novos desafios. Nessa fase inserem-se, ainda, as atividades coletivas, como jogos de tabuleiro, brincadeiras de roda e esportes. Cria-se uma zona de socialização que auxilia a compreender regras e valores, e também a estabelecer relações de causa e efeito. Ao brincar junto com outras crianças, universos, que não o de suas famílias, são apresentados. O vocabulário sofre grande expansão e sentimentos de amizade transparecem. A relação interpessoal é essencial para a formação da personalidade e da individualidade, para entender o outro e a si mesmo. Além disso, aprende-se sobre liderança, compartilhamento, competição e cooperação. “Ao brincar é possível ver problemas de socialização, se ela tem dificuldades, se é tímida, se não consegue seguir regras...”, diz.
4 . Após sete anos
É o período que se deve usar tudo o que a criança já aprendeu e lançar novas dificuldades. Ela já está apta para participar de atividades que utilizam todos os estímulos que agregou ao seu desenvolvimento até então. Após os sete anos de idade, as crianças têm grande percepção de si e do mundo, essencial para poder explorar o conhecimento livremente e da melhor forma possível, segundo ela mesma.
5 . Videogame
Presente cada vez cedo, o videogame também pode ser adotado como forma de aprendizado, porém com ressalvas. Enquanto outras brincadeiras exploram a descoberta de novas formas, texturas, cores e sabores, os jogos eletrônicos estimulam prioritariamente a visão e a rapidez. É desenvolvido o pensamento ágil para compreender o que está acontecendo e logo gerar uma resposta e resolver a situação imposta; entretanto é tirado o contato com o outro. “Brincar com o outro indica perceber os limites dele, lidar com as diferenças, já o videogame está ali para te servir, não há essa dificuldade. Não requer nenhum tipo de esforço, apenas habilidades”, explica.
Fotos: Thinkstock
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