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Endometriose e ela

por Universo Jatoba

A luta dela contra a endometriose não é de hoje. Há mais de 20 anos a jornalista Caroline Salazar sofre com esta doença sem cura, que atinge mais de 10 milhões de brasileiras! E ela só descobriu o que a fazia sentir tanta dor, depois de muita investigação.  “Minha grande sequela por conta do diagnóstico tardio foi a dispareunia de profundidade, que é a dor durante o sexo”.

Os sinais começaram quando ela ainda tinha 13 anos de idade. Chegou ao ponto de não conseguir levantar da cama. Foram muitos exames de sangue, ultrassom, urina, entre outros, que acusavam que tudo estava na mais perfeita ordem. Os médicos achavam que era cólica e mais nada. Somente aos 31 anos de idade conseguiu desvendar o mistério. “Em março de 2009, meu ex-namorado foi fazer a cobertura de uma palestra sobre endometriose e me ligou dizendo que as características da doença batiam com tudo o que eu estava sentindo”, diz Caroline.

Após esta palestra Caroline fez uma ressonância magnética e levou ao proctologista de confiança, que foi quem a ajudou a descobrir a endometriose. Ela começou o tratamento gratuitamente na Unifesp, onde conheceu o Dr. Hélio Sato e sua equipe. Lá ficou por 8 meses, mas manteve o médico após este período. Caroline teve que induzir a menopausa em 2010 e fazer  duas cirurgias, mas foi a última delas, em junho de 2012, que a fez se livrar das dores fortes e voltar a ter sexo saudável e prazeroso.

“É bom lembrar que nem sempre a cirurgia é a solução, mas no meu caso, essa segunda operação foi como um renascimento”, conta. De acordo com ela, é importante buscar uma equipe médica que cuide não só da doença, mas que esteja atenta ao bem-estar da mulher. “A união do proctologista com o ginecologista foi fundamental para eu estar bem e ter pela primeira vez a qualidade de vida que tanto sonhei”, explica.

A doença preocupa grande parte das mulheres, pois pode causar até infertilidade. “Sou meio infértil, mas isso não me deixa infeliz. Eu ainda posso ter filhos naturalmente, mas o meu foco sempre foi o sucesso profissional e a qualidade de vida”, afirma ela, que relatou sofrer preconceito e chegou a ficar 1 ano e 11 meses desempregada. Segundo Caroline, o dia e o horário do tratamento atrapalharam a carreira, mas ela não abriu mão de correr atrás da saúde.

A depressão também marcou presença, mas foi fazendo o que ama – escrever – que ela encontrou a saída. O blog A Endometriose e Eu, lançado em abril de 2010, é um grande sucesso entre as mulheres do Brasil e do mundo que buscam informação sobre o assunto. “Foi a maneira que encontrei de desabafar, não imaginava que faria tanto sucesso”, afirma.

Hoje o blog tem o objetivo de mobilizar mais pessoas para que a  Presidente Dilma reconheça a endometriose como doença social. “É uma tristeza ver tanta mulher sofrendo pelo fato de a doença ainda não ser levada a sério pelos nossos governantes. A grande missão do blog é que a presidente, que é uma mulher, reconheça socialmente uma das piores doenças tipicamente femininas. Sem isso, não haverá interesse em tratá-la”.

Além do blog, Caroline está à frente do “Brasil na Conscientização da Endometriose”. O primeiro evento ocorreu este ano em São Paulo e o próximo será em 8 de março de 2014, Dia Internacional da Mulher. Vale considerar que este evento inclui o Brasil no calendário internacional de conscientização da endometriose.

Feliz, Caroline começou 2013 com novas atividades: pilates, acupuntura e RPG, que aliviam os desconfortos nesta fase de recuperação. “O mais importante é manter a fé, escutar o seu corpo, levar a cólica a sério, ir atrás de um ginecologista de confiança e relatar tudo, principalmente, as consequências com relação à vida sexual”.

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