3 – Na cozinha

Idosos com baixa escolaridade tem sete vezes mais chances de desenvolver demências, saiba como mudar isso

por Giana Ramos

Você gosta de fazer tricô? Crochê? Bordado? Bricolagem? Pintura? Saiba que pessoas que realizam essas atividades estão fabricando objetos lindos e ganhando mais saúde mental. Foi o que revelou a pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP. Idosos que realizam atividades manuais protegem mais seu cérebro contra as doenças mentais e, consequentemente, vivem melhor.

Vamos retomar a lista de cuidados com a saúde. É importante tomar os remédios sempre no horário certo, na dose correta, orientado pelo médico e farmacêutico; exames de rotina são imprescindíveis; exercícios físicos devem fazer parte da nossa rotina, mas para garantir a saúde mental, espiritual e corporal, é preciso adotar outros estímulos, conhecidos como atividades de cognição, essas ações ativam áreas específicas do cérebro, que não são estimuladas durante o cotidiano, contribuindo para aumentar a circulação de informações entre os neurônios. Nesse quesito, atividades manuais e jogos de tabuleiro, como xadrez, dama, cartas, dominó, ou mesmo a leitura são ótimos aliados.

O estudo revelou também que idosos com menor poder aquisitivo e baixa escolaridade apresentam sete vezes mais risco de demência que os demais idosos não expostos a esses fatores. Isso porque, em sua maioria, não têm a oportunidade de realizar atividades cognitivas sofisticadas, como ir ao teatro, ao concerto ou ler livros extensos. Porém, após o acompanhamento dos pesquisadores durante dois anos, há um grupo com baixas condições socioeconômicas em que foi encontrado menor declínio cognitivo nos participantes que realizavam atividades manuais simples, ou seja, é possível prevenir ou retardar o aparecimento de demências sem gastar dinheiro.

Além da proteção cerebral, trabalhar com artesanato pode gerar uma renda extra. Existem diversos grupos que fabricam objetos e vendem em feiras, exposições e bazares. Essa prática auxilia no desenvolvimento social, pois, como dizia Paulo Freire, somos seres sociais com capacidade de aprender. Para o idoso, a habilidade adquirida com a fabricação de artesanatos possibilita novas conexões sinápticas garantindo mais anos de saúde mental, livre de doenças como o mal de Alzheimer.

É essencial continuar a exercitar a mente após os 60 anos. Sofro com a minha avó que insiste em não fazer isso, por preguiça, porque sente tonturas ou não consegue ler direito, ela é uma pessoa com baixa escolaridade o que acentua a necessidade de estimular o cérebro. Como alternativa, alteramos nossa rotina. Em vez de ir ao mercado mensalmente, estamos fazendo compras semanais. Assim, ela é obrigada a fazer a lista do que falta, separar o dinheiro, ir até o mercado, avaliar qual os produtos com a melhor relação preço/qualidade. Também espalho revistas sobre Saúde e Receitas Culinárias, seus assuntos favoritos, por toda a casa com o intuito de despertar o prazer pela leitura. Com pequenas atitudes, estou conseguindo aumentar o uso do cérebro da minha vó, e já estamos colhendo resultados, até palavras em inglês ela tem falado.

Se você ou seu idoso já apresenta alterações de memória, calma! A maioria desses problemas já tem tratamento. Procure um neurologista, faça exames para diagnosticar a ocorrência e, em seguida, compre linha e agulhas, ou tintas e pinceis e comece fazer arte!

 Dra. Giana Ramos é graduada em fisioterapia (São Camilo – SP), Especialista em ortopedia e traumatologia (Santa Casa – SP), Especialista em Docência no ensino superior (SENAC – SP). Formação em Reeducação Postural Global e Auriculoterapia – (FENAFITO – SP). Professora do curso de formação de cuidadores de idosos (SENAC – SP), empresária do Centro de Atendimento Especializado (CAESP SAÚDE), gestora do programa de qualidade de vida na terceira idade da Vila Maria Zélia – Belenzinho – SP.

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