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Enotécnico – Taças 2

por Ricardo Ganc

Como explicamos na coluna anterior, já sabemos que os 400 tipos de taças existentes, podem ser reduzidos à meia-dúzia. Em relação ao material e às cores, as escolhas são mais restritas

As taças devem ser sempre transparentes, com exceção das taças para sacanear enochatos (estas são totalmente negras e não há meio de descobrir se o vinho é tinto ou branco até prová-lo). Desta maneira, ficamos limitados ao vidro e ao cristal (nem pense em falar no acrílico!!!). Entre os dois materiais, o que muda é a composição. No vidro não há chumbo, no cristal tradicional há 24% de chumbo. Existe ainda o cristal de vidro, que tem 10% de chumbo na sua composição. Nos últimos 10 anos, várias empresas têm substituído o chumbo por titânio. A vantagem está no aumento da resistência das taças, sem perder as outras características do cristal, possibilitando uma taça fina e extremamente resistente. As taças de vidro acabam sendo um pouco mais rústicas e grosseiras, já que não têm uma liga metálica para dar a resistência necessária para uma taça muito fina.

A grande pergunta é: será que faz tanta diferença assim?

A minha sugestão é que você faça um teste. Utilize todos os tipos de copos e taças disponíveis em casa; desde o copo de requeijão, até a sua melhor taça. A diferença pode ser gritante. Aliás, sempre faço isso, já que a minha esposa está sempre comigo e utilizamos sempre dois tipos de taças para beber todos os vinhos. Parece mentira, mas para iniciantes e iniciados, esta é uma experiência simples e muito instrutiva.

Lembro-me de uma vez, ao convidar um amigo que entende muito de vinho e servir-lhe duas taças de vinho tinto. Gentilmente solicitei que os avaliasse. Após degustá-los comentou que, apesar de ambos serem bons Borgonhas (Pinot Noir), um deles era muito superior ao outro. Ficou surpreso ao descobrir que tratava-se do mesmo vinho, só que um em uma taça para Borgonhas tintos e o outro em uma taça para Pinot Noirs do novo mundo. Não surpreendentemente, o melhor estava na taça adequada. Se fosse em público isso seria bullying do mais cruel, mas entre amigos foi uma aula para ambos.

Santé!

A ideia dessa coluna semanal é discutir, mesmo que rapidamente, aspectos práticos e interessantes sobre o infinito tema do vinho, de uma maneira descontraída e relaxada. Afinal de contas, vinho é sinônimo de prazer, amizade e descontração.

Além disso,  por ser um tema tão vasto, sugestões e dúvidas são muito bem vindas e servirão para nos guiar sobre o que o leitor quer discutir.

Ricardo Leite Ganc é médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Membro Titular das Sociedades Brasileira e Americana de Endoscopia Digestiva. Membro da Associação Brasileira de Sommeliers – São Paulo. Enófilo apaixonado há 15 anos.

Ricardo Ganc escreve às sextas-feiras aqui no Universo Jatobá.

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Enotécnico – Taças 1

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