Endometriose e alimentação
A endometriose acomete cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva e resulta em cólica menstrual, dor durante a relação e até mesmo infertilidade. Embora exista essa conexão entre a enfermidade e a esterilidade, ressalto que ela não é absoluta. A doença consiste na presença de tecido endometrial (camada que reveste o útero) fora da cavidade uterina, como nos ovários, tubas, peritônio pélvico, ligamentos e até mesmo na bexiga, nos ureteres e no intestino grosso.
A causa da endometriose é desconhecida, mas, assim como grande parte das doenças, ela está relacionada à imunidade da mulher, portanto, uma forma válida de prevenção é alimentando-se de forma saudável e balanceada. Um estudo realizado por pesquisadores do Epidemiology Center no Brighamand Women’s Hospital comprovou que mulheres que consomem mais de três porções de alimentos lácteos por dia, são 18% menos propensas a serem diagnosticadas com endometriose, quando comparadas aquelas que consomem apenas duas porções. Consumir um baixo teor de gordura também colabora para o processo de prevenção.
Lembro que é imprescindível manter um hábito intestinal normal. A mulher que não evacua diariamente retém material fecal no intestino o que aumenta a absorção de toxinas, muitas delas imunossupressoras – ato de reduzir a atividade ou eficiência do sistema imunológico. Portanto, a ingestão diária de alimentos com fibras e cereais pode contribuir para melhoria da função intestinal. E, se por um lado a ingestão de proteínas é fundamental para manter o sistema imunológico em funcionamento, por outro, algumas carnes contém hormônios femininos como o estradiol, o que pode ser um elemento inimigo da endometriose. Portanto, o ideal é dar preferência às carnes brancas.
A portadora de endometriose deve evitar o ganho de peso para não ter tantas dores pélvicas e nem gerar hormônios. Níveis hormonais elevados de estrogênio no sangue circulante podem piorar a doença.
Atenção: O estradiol é secretado pelos ovários e é responsável pelo desenvolvimento de caracteres sexuais femininos. O estradiol não tem apenas um impacto positivo sobre o funcionamento sexual e reprodutivo, mas também sobre outros órgãos, incluindo os ossos. Pesquisas da Universidade do Texas, em Austin, revelaram que mulheres com grande quantidade deste hormônio tem a autoestima elevada, considerando-se mais bonitas e atraentes. No entanto, o estradiol tem impacto negativo sobre a endometriose
Balancear a alimentação é ideal, dando preferência aos alimentos vegetais orgânicos, ou seja, não tratados com agrotóxicos (também responsáveis pela diminuição da imunidade). De acordo com os resultados publicados na Revista HumanReproduction, mulheres que ingeriram mais ômega-3 tiveram 22% menos probabilidade de serem diagnosticadas com endometriose, comparadas com as que tiveram menor consumo. Mulheres que consumiram mais gorduras trans tiveram 48% mais chances de ser diagnosticada com endometriose do que as outras.
Iogurtes, coalhadas, queijos magros e leite auxiliam na recuperação da flora intestinal, regulando o intestino. Os alimentos previnem a perda óssea e ajudam na terapia de cistite intersticial (síndrome clínica que atinge o sistema urinário inferior).
Dica: Para melhorar sua ingestão de laticínios, procure incluir pelo menos uma fonte de leite, iogurte ou queijo magro no café da manhã e em mais 2 lanches intermediários ao longo do dia. Clique aqui e veja a tabela.
A dor é o principal sintoma das mulheres com endometriose. Além de visitar seu médico periodicamente, procure um profissional diante dos seguintes sintomas:
Menstruações dolorosas
Dor no baixo abdome durante a menstruação ou cólicas que podem ocorrer por uma semana ou duas antes da menstruação
Dor durante ou após a relação sexual
Dor ao evacuar
Dor pélvica ou lombar que pode ocorrer a qualquer momento do ciclo menstrual
Dr. Thomas Moscovitz – Doutor pela Faculdade de Medicina da USP. Especialista em: Ginecologia – Obstetrícia – Videolaparoscopia – Videohisteroscopia. Assistente Voluntário do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Ginecologista na Granmedic.
Dr. Thomas Moscovitz escreve às segundas-feiras aqui no Universo Jatobá.
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