9 - Combate doenças

Doenças oriundas de obras

por Ivana Jatoba

Todos nós sabemos ou devemos saber que uma construção sustentável preza pela otimização e equilíbrio entre os agentes econômicos, sociais e ambientais em que está inserida. Conseguir balancear esta equação é hoje o maior desafio enfrentado pelas organizações do setor. A busca por materiais e serviços que não agridam o meio ambiente e ainda apresentem custos competitivos é constante. Contudo, o fator social fica muitas vezes esquecido. E uma das consequências mais frequentes dessa falha é o aparecimento de doenças relacionadas às atividades desenvolvidas num canteiro de obras, atingindo não só os operários, mas também pessoas que vivem no entorno da construção.

As enfermidades mais recorrentes nesta situação são: perda de audição (causada pela exposição prolongada a ruídos acima de 85 dB), lesão por esforço repetitivo (devido à execução de movimentos repetitivos por longos períodos), reumatismo (pela exposição à umidade excessiva, muito comum em certos ambientes da obra), intoxicação química (por causa da exposição prolongada a tintas e solventes químicos), pneumoconioses (devido à inalação de partículas de sílica e amianto), lombalgia (causada pelo carregamento de peso de forma errada), dermatites de contato (pela exposição ao bicromato, componente do cimento), insolação e outras. Tais doenças afetam diretamente quem trabalha na obra.

Existem também aquelas doenças que atingem a população das proximidades do canteiro. Relatos de infecções respiratórias por conta da poeira densa de elementos químicos que envolve a atmosfera local são constantes. E mais, o barulho oriundo das máquinas pode ocasionar o aparecimento de doenças ligadas a estresse emocional. E para completar, a proliferação do mosquito transmissor da dengue, chinkungunya e zika é muito comum nos canteiros, onde as superfícies irregulares de serviços inacabados propiciam o acúmulo de água parada.

O combate a estas doenças é feito através de uso de equipamentos de proteção individual (EPI), além da limpeza adequada da obra, telas de proteção contra poeira e controle de horário no uso de equipamentos barulhentos. Protetor auricular, botas de borracha, educação postural, máscaras, capacete, óculos protetores e outros itens são tão importantes numa obra quanto o seu cronograma atualizado.

Ao construtor eu deixo o meu recado: a sustentabilidade preza também pelo bem-estar dos colaboradores do canteiro e dos moradores da região. No contexto dessa tendência, o fator humano é que tem maior importância.

Ivana Jatobá é Engenheira Civil graduada na Universidade Católica do Salvador, especializada em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia e Mestre em Gerenciamento de Engenharia Ambiental pela University of Technology, Sydney, Austrália. Atua como consultora em implantação de sistema de qualidade ISO 9001 e Meio Ambiente ISO 14000 em canteiros de obras.

Ivana Jatobá escreve às quintas aqui no Universo Jatobá.

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