Universo Jatoba

A vida é feita de pequenas alegrias e preparar um almoço especial para a família ou o prato preferido dos netos acalenta o coração de qualquer vovó. E não tem jeito, comida de vó, mesmo quando dá errado, fica bom. Todas as pessoas que conseguiram conviver com elas têm uma experiência gastronômica para contar. Eu, por exemplo, sou fã do macarrão ao alho e óleo da minha velhinha e, por mais que eu tente fazer, seguindo os passos dela ou dos melhores chefs italianos, não tem jeito…

Na cozinha, não existe preconceito. Um alimento simples como a banana pode ser misturado tranquilamente com um salmão e se transforma em uma refeição fabulosa. É possível fazer diversos experimentos usando todos os nossos sentidos e esse fato, somado ao momento feliz que vem depois, que é comer ou oferecer a alguém, traz bem-estar para os idosos.

Rubem Alves cita uma fábula em um dos seus livros que vale a pena reproduzir, de forma resumida: um rei convocou chefs de cozinha dedicados ao estudo dos processos digestivos para elaborar o cardápio e preparar as receitas de sua corte. Após um tempo consumindo a comida, os monarcas ficaram mais magros e chatos. Então, o rei convocou os antigos cozinheiros e perguntou como que eles, tão ignorantes nos processos científicos, conseguiam preparar refeições que trazem satisfação.

Um dos cozinheiros respondeu que comida, para alimentar, tem que dar prazer ao corpo e alegria à alma. Culinária não é ciência, é arte, e quando isso ocorre o corpo fica forte e sadio.

Além de satisfação à alma, cozinhar é um excelente exercício de memória, de coordenação. Pode ser usada como hobby ou como profissão para aposentados, que ainda não encontraram outros afazeres para ocupar o tempo livre. Existem diversos cursos em que o idoso pode aprender novas receitas e permanecer em contato social, fazendo novos amigos.

No último ano, levei o grupo de idosos que coordeno junto com uma amiga para fazer um curso de culinária no Sesi. Aprendemos a usar cascas e sementes para fazer petit four, chás e outras delícias. Foi uma experiência muito interessante que levou todos de volta a sala de aula. Tiveram que fazer anotações, tiraram dúvidas, provaram as receitas e ficaram com o desafio de fazer em casa. Esse episódio foi comentado durante meses entre nós.

É necessário manter uma alimentação saudável buscando contemplar todos os grupos de alimentos, carboidratos, proteínas, grãos, vegetais, minerais, lipídios e vitaminas, sempre em equilíbrio para que não haja ganho de peso excessivo ou deficiência desses nutrientes no corpo.

Por isso, pratique cozinhaterapia usando alimentos naturais. Evite produtos que tenham sofrido intervenções químicas, com grande quantidade de acidulantes, realçador de sabor, sódio ou conservantes.

Existem alimentos que trazem felicidade, é isso mesmo. Os minerais agem no nosso corpo desencadeando a produção de neurotransmissores responsáveis pela criação de sensações de bem-estar. São eles: triptofano, ácido fólico, potássio, vitamina C, cálcio, magnésio e selênio.

Você deve estar se perguntado onde encontrar tudo isso. É fácil! Prepare uma moqueca com frutos do mar, acompanhada de uma farofa de banana da terra e, de sobremesa, um pedacinho de chocolate daqueles que vêm com amêndoas ou avelãs. Pronto! Você já está ingerindo todas essas substâncias.

A carne vermelha e os grãos também trazem benefícios. Então, até o nosso arroz, feijão, bife e salada trazem alegria!

Fotos: Thinkstock

 

Dra. Giana Ramos é graduada em fisioterapia (São Camilo – SP), Especialista em ortopedia e traumatologia (Santa Casa – SP), Especialista em Docência no ensino superior (SENAC – SP). Formação em Reeducação Postural Global e Auriculoterapia – (FENAFITO – SP). Professora do curso de formação de cuidadores de idosos (SENAC – SP), empresária do Centro de Atendimento Especializado (CAESP SAÚDE), gestora do programa de qualidade de vida na terceira idade da Vila Maria Zélia – Belenzinho – SP.

Giana Ramos escreve às terças-feiras no Universo Jatobá.