
Asilos de luxo
Imagina um lugar com ateliê de costura, salão de beleza, espaço gourmet, biblioteca, sala de TV, salão de jogos, piscina coberta e ao ar livre com temperatura regulada, sala de informática, wi-fi, ufa… Parece um hotel fazenda, mas, na verdade, é a casa de repouso de um dos maiores hospitais do Brasil, o Residencial Albert Einstein, localizado no bairro da Vila Mariana, na cidade de São Paulo. Além disso, conta com equipe multiprofissional com assistente social, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, nutricionistas, psicólogos, dentistas, enfermeiros, técnicos, entre outros.
Os asilos de luxo são as novidades para o mundo da terceira idade, são equipados com tudo que é necessário para viver com dignidade e até com um pouco de regalias. Os mais bem equipados têm salas de cinema, área fitness e espaço ecumênico, um luxo só… Você deve estar se perguntando quanto custa tudo isso. O preço varia de R$8 mil a R$19 mil. Mas, será que tudo isso é importante para o idoso? Quem são os moradores desses hotéis cinco estrelas? Esse é o assunto da coluna Bem-Estar na Terceira Idade de hoje.
Nesses locais, os idosos são mais independentes e estão em busca de um conforto, atividades e vida social ativa. A grande maioria é composta por mulheres, entre 60 e 100 anos, habitantes de áreas nobres de São Paulo e outras capitais. Por falar na cidade da garoa, são apenas três desses hotéis para idosos, um grande mercado em extensão que poderia ser oferecido para mais pessoas se não houvesse tanto luxo; afinal, ninguém tem um cinema em casa, ou um bosque com centenas de árvores frutíferas, mas essa é apenas a minha opinião.
Quando ouve-se o nome asilo, já imagina-se um local onde os idosos estão abandonados, sujos, tristes… Para mudar esse conceito, a equipe de marketing desses locais trocou o nome para casa de repouso. Ficou mais agradável de ouvir, o termo técnico é Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), mas também encontra-se como hotéis para terceira idade e residencial para idosos. O importante é cumprir seu papel de facilitar o processo de envelhecimento promovendo estímulos e atividades que tragam satisfação pessoal para seus moradores.
Como definição, uma casa de repouso deve ser destinada a morada coletiva de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar. Devem-se manter os direitos humanos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais dos residentes. A existência de instituições asilares não deveria ser necessária, o idoso deveria ser cuidado por seus familiares (filhos, netos sobrinhos, irmãos), pois o carinho e atenção de um parente é diferente do amor dispendido por funcionários, que tem que se dividir entre várias pessoas, muitas vezes não é o suficiente.
Não sou exatamente contra casas de repouso, acho ótima a possibilidade, afinal há muitas pessoas sozinhas que seriam muito mais felizes em locais com outras pessoas. Mas, quando o há família, deveriam tentar mantê-lo no seio familiar, salvo casos de alta dependência em que os cuidados necessitem de muitos profissionais. Entretanto, a casa de repouso não é um hospital, as visitar podem ser feitas a qualquer momento. É possível manter os gostos do interno, como ir a um parque, a igreja, aos aniversários. Sou contra ao abandono dos familiares, como já vi acontecer muitas vezes durante minha atividade laboral! Esta é a minha opinião em relação aos asilos, escreva a sua também e vamos discutir o assunto.
Fotos: Thinkstock
Dra. Giana Ramos é graduada em fisioterapia (São Camilo – SP), Especialista em ortopedia e traumatologia (Santa Casa – SP), Especialista em Docência no ensino superior (SENAC – SP). Formação em Reeducação Postural Global e Auriculoterapia – (FENAFITO – SP). Professora do curso de formação de cuidadores de idosos (SENAC – SP), empresária do Centro de Atendimento Especializado (CAESP SAÚDE), gestora do programa de qualidade de vida na terceira idade da Vila Maria Zélia – Belenzinho – SP.
Giana Ramos escreve às terças-feiras no Universo Jatobá.
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