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O primeiro passo ou as mudanças

por Debora Ganc

Um dos meus filhos tem uma cadelinha Golden Retriever muito alegre, brincalhona e que adora comer qualquer brinquedo ou objeto deixado no chão pelos meus netos. Carrinhos, pecinhas de Lego, bichinhos… Basta um minuto de distração e ZÁZ ela já pegou o que quer que seja e fugiu para o jardim. Depois de muito tentar, desistiram de brigar com ela e decidiram que teria que ficar no jardim e não poderia mais entrar em casa e, é lógico, que a cadelinha não gostou e vez ou outra fica chorando pedindo para entrar.

Há algum tempo meu filho vem fazendo novas tentativas na educação da cadelinha. Nesta semana, fui visitá-lo e, como estávamos só nós dois na sala, ele resolveu deixá-la entrar para nos fazer companhia. Mas, meu filho ficou tenso. A cada movimento da cadelinha ele pulava da poltrona para ver onde ela tinha ido. É lógico que não conseguimos conversar e é lógico que ela agarrou um carrinho esquecido no chão e correu para o jardim. Enquanto meu filho corria atrás dela me lembrei de uma história do humor judaico.

Um homem vai ao mercado para comprar frutas. Justo neste dia o kiwi está pela metade do preço e junto à pilha da fruta tem um prato muito bonito com pedaços da fruta fatiados com palitos. Ele prova um pedaço, sente o gosto. É diferente, pensa, mas é doce e o preço está ótimo, vou levar! No caminho para casa começa a se sentir enjoado e em casa tem uma dor de cabeça muito forte. Nos dias seguintes, a cada vez que come o kiwi sente enjoos e em seguida dor de cabeça. Depois de uma semana decide ir ao médico.

– Doutor, tenho um problema. Cada vez que como kiwi tenho enjoos e em seguida uma dor de cabeça incrível.

Ao que o médico responde:

– Já pensou em parar de comer kiwi?

Muitas vezes, não nos damos conta, mas estamos agindo exatamente assim. Não temos a clareza da situação, não percebemos como ela nos é nefasta e seguimos repetindo o movimento mecanicamente ou por hábito ou porque não sabemos que existem outras opções.

As mudanças de comportamento são sempre muito difíceis, a maioria de nós tem medo desta palavra. Não me refiro aqui a mudanças milagrosas, nem a mudanças que irão interferir em nossa personalidade, e também não me refiro a mudanças que irão nos fazer sentir instantaneamente felizes. Isso não acontece!

Falo de pequenos exercícios que podemos fazer para nos sentirmos melhor a nosso respeito. O primeiro é perceber quando algo nos incomoda, nos irrita. O segundo é parar para literalmente respirar, localizar e acalmar o mal estar, o terceiro é pensar se não há outra solução ou alternativa diferente daquela que estávamos tomando até aquele momento e, finalmente, perceber que, se não houver outra opção, às vezes é melhor deixar ir, desistir e se abrir para algo novo que virá assim que deixarmos de repetir aquilo que nos faz sentir mal.

Mas, não pegue ao pé da letra. Leia tudo e escolha por qual quer começar. Pois cada um de nós está em um lugar diferente. E cada um de nós tem problemas diferentes. Alguns podem estar enfrentando uma depressão, outros tem questões com a raiva. Há pessoas que sofrem com algum vício, outras com ansiedade. Cada um está em um lugar diferente, mas não importa o lugar em que começamos, temos que lembrar a cada dia que cada um de nós quer se sentir bem e sem tensões e isso pede um esforço de atenção para sair do automatismo. Também não vamos exagerar na dose, pois isso irá nos levar a desistir. Se parece muito aos exercícios físicos. Se na primeira vez que começamos a correr decidimos correr meia maratona é bem provável que não iremos correr no dia seguinte e o projeto não irá dar certo.

Comece por sentir orgulho de si mesmo por aceitar esse desafio, sinta-se bem a seu respeito, sem se comparar com ninguém. Faça aquilo que lhe é possível fazer sem muito esforço.

“O mais longo dos caminhos começa com o primeiro passo.” Ditado chinês

 

Debora Ganc é Terapeuta Sistêmica, Constelações Familiares, Constelações Empresariais. Gestalt e Programação Neurolinguística.

Debora Ganc escreve às quartas-feiras aqui no Universo Jatobá.

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