O esforço dói, mas você já conseguiu algo sem ele?
Vocês já devem ter visto alguma camiseta com a inscrição em inglês “No pain, no gain” (sem esforço, não há ganho).
Qual é o oposto da dor? Nove entre dez pessoas irão responder que o oposto da dor é o prazer.
Errado! O oposto da dor é a não dor (no dicionário, o conforto).
Aquilo a que chamamos de “dor” quase sempre é uma questão de esforço. O esforço físico na academia muitas vezes é doloroso. O esforço em pensar em uma ideia complexa é doloroso. O esforço de construir uma relação duradoura é doloroso. Então, mesmo que o esforço seja doloroso, nosso objetivo na vida não deveria ser escapar dele.
Nas palavras de Shakespeare: “Ser ou não ser, eis a questão. Fazer frente a catapultas e flechas da fortuna exorbitante ou tomar as armas contra o destino… Para tudo terminar”.*
Me parece que ele quer escapar da dor.
Uma forma de nos ajudarmos a passar por situações difíceis seria nos lembrarmos da máxima: “A dor passa, os resultados é que são duradouros”.**
De fato, a dor quase sempre é uma soleira para ser atravessada para um mundo de prazer. O dentista é um ótimo exemplo disso. O trabalho com a broca e o preenchimento deve durar uma hora, a dor levará duas horas para diminuir, mas este preenchimento irá prevenir futuras cáries e nos proporcionará prazer ao comer por muitos anos.
Então não fuja da dor, não fuja da realidade.
As pessoas têm o maior medo da realidade, preferem viver na ilusão, mas é justamente esta barreira que precisamos ultrapassar.
Às vezes, a realidade é diferente daquilo que estamos acostumados, o que significa que precisamos mudar o curso de nossa vida e isso dói!
Todos nós tentamos escapar, de vez em quando, dos esforços necessário para alcançar nossos objetivos e ambições. Todos queremos ser grandes, todos queremos mudar o mundo, mas a questão é que nem sempre estamos dispostos a colocar nossos esforços nesta direção. Daí nos distraímos e escapamos daquela pessoa que realmente somos e daquilo que queremos alcançar.
A dor será maior quando a realidade nos confrontar, especialmente se já for muito tarde para fazer alguma coisa.
É bom se perguntar: – Qual dor estou evitando? Identifique exatamente do que sente medo? Busque as razões.
Depois se pergunte: – O que poderia ser pior?
Sugiro um exercício. Faça uma lista de coisas que gostaria de alcançar, de objetivos a serem atingidos se a dor pudesse ser evitada.
Depois, escreva ao lado de cada objetivo a quantidade de dor (esforço) que você imagina que será necessária para alcançá-lo.
Agora escreva o que faz aquele objetivo ser tão valoroso. Finalmente, compare as duas colunas.
Se um objetivo em particular realmente valer a pena, imediatamente você irá perceber como o medo da dor o está impedindo de alcançá-lo e também irá clarear a sua real vontade de pagar o preço para chegar lá.
O esforço é um processo pelo qual todos temos que passar. A grandeza do ser humano está em encontrar o livre arbítrio para resolver os conflitos, lutar e conseguir o que queremos.
Sabemos o que precisamos fazer, então vamos lá!
* Poeta e dramaturgo inglês. Tradução livre.
** Ditado popular inglês. Tradução livre.
Fotos: Thinkstock
Debora Ganc é Terapeuta Sistêmica, Constelações Familiares, Constelações Empresariais. Gestalt e Programação Neurolinguística. www.terapiasistemica.com.br
Debora Ganc escreve às quartas-feiras aqui no Universo Jatobá.
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