Boas ações
Na semana passada, precisei ir à R. 25 de março (uma rua em São Paulo onde a maioria dos comerciantes são árabes) fazer umas compras e resolvi também almoçar. Na fila do restaurante ouvi a mulher à minha frente pedir ao atendente:
– Quero um shwarma (um tipo de sanduíche, geralmente de carne de carneiro bem temperada, dentro de um pão sírio). O senhor poderia, por favor, esquentar o pão antes de colocar a carne dentro?
O rapaz que cuidava da churrasqueira respondeu:
– Não. O pão precisa ser esquentado depois que a carne está dentro, para se obter um melhor resultado.
A mulher retrucou:
– Eu não quero que você faça desta maneira. Então me faça o shwarma sem esquentar o pão.
E o churrasqueiro:
– Se a senhora quer um pão aquecido, vou esquentá-lo depois de colocar a carne dentro.
A mulher riu e exclamou:
– Isto é incrível, desisto!
Na mesma hora me lembrei de uma história parecida.
É sobre um pai que que perguntou a seu filho escoteiro, se havia praticado alguma boa ação naquele dia. O garoto disse:
– Sim, ajudei uma senhora de idade a atravessar a rua. E todo o meu grupo também ajudou.
– Como? – perguntou o pai curioso. Por que precisaram de 12 garotos? E o filho:
– Porque ela não queria atravessar!
Muitas vezes, praticamos atos de bondade pensando na recompensa ou em alguma vantagem futura, algum benefício pessoal. Outras vezes fazemos para o outro aquilo que achamos que é bom para nós. Nem sequer olhamos para quem está recebendo e achamos que estamos praticando uma boa ação.
Também temos a capacidade de tentar arrumar explicações e justificativas para os nossos atos. Nossos cérebros são muito obedientes, são ferramentas muito ponderosas.
Quer fazer uma experiência? Pergunte a seu cérebro:
– Cérebro, me dê 10 razões para assaltar um banco.
Ele lhe responderá:
(1) Pense em todo o bem que poderá fazer com o dinheiro!
(2) Ninguém sairá prejudicado, pois o banco tem seguro!
(3) Será emocionante, etc.
E se você pedir ao seu cérebro 10 razões para NÃO assaltar um banco, ele rapidamente responderá:
(1) Você provavelmente será pego!
(2) Irá para a cadeia.
(3) Envergonhará seus familiares.
(4) É errado!, e assim por diante.
Perceberam?
Precisamos estar conscientes das motivações por trás de nossas atitudes e ter certeza de que as boas ações estão sendo feitas pelas razões corretas. Seria bom ter a segurança de que aquele ato é bom para quem está recebendo, que é algo que a pessoa realmente deseja.
Pergunte-se: Por que estou fazendo isto? É o que ele/ela quer?
Se for, então, dê um pouquinho mais do que a pessoa pediu. Assim, estará praticando uma boa ação e construindo um elo de amor.
Debora Ganc é Terapeuta Sistêmica, Constelações Familiares, Constelações Empresariais. Gestalt e Programação Neurolinguística. Contato: deboraganc@terapiasistemica.com.br
Debora Ganc escreve às quartas-feiras aqui no Universo Jatobá.
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