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A moda é “ser do bem”

por Juliana Bechara

Quem nunca se questionou, por um segundo que seja, se aquilo descrito no rótulo do “biscoito de baixa caloria, que faz você se sentir bela e seu intestino funcionar como nunca” é verdadeiramente genuíno?!

Falemos do que podemos chamar de coincidência: li uma crônica escrita por Gregório Duvivier, aquele do programa Porta dos Fundos. O título da crônica é: Glossário Diferenciado. Nela ele trata de satirizar o que de fato vem acontecendo – hoje em dia tudo que nos é oferecido vem acompanhado de palavras bonitas e abstratas. Muitas vezes não nos lembramos qual era o produto anunciado, mas fica lá no fundinho da nossa memória o quanto ele é “diferenciado, funcional e sustentável” – como o próprio autor descreve. À isso, adicionemos o excelente e-talk dado pela consultora de marketing para a indústria alimentícia, Kate Cooper:

Na apresentação, ela ressalta – de forma dura e triste – as diversas e eficazes ferramentas utilizadas pela indústria para tornar tudo mais belo, florido e “do bem” para que nós, consumidores, acreditemos estar fazendo um “bom negócio” ao adquirir determinado produto ou alimento.

E olha que surpresa! Muitas das palavrinhas mágicas por ela citadas têm tudo a ver com o Glossário proposto por Duvivier

Felizmente, uma proposta mais legal ainda já está presente em mais de 30 países e, na ativa desde 2007, já certificou mais de 1000 marcas e organizações.

Estamos falando da Certified B-Corporation, uma organização não-governamental que nasceu na Pennsylvania, nos Estados Unidos, com o propósito de tornar os negócios rentáveis não só para os investidores – o que, convenhamos, é a forma mais desatualizada de se praticar o capitalismo – para trazer valor a todas as partes envolvidas: investidores e sociedade – aqui inclui-se os próprios funcionários de determinadas instituições.

O lema deles é fazer com que o mundo dos negócios seja uma força para o bem. E como? Ajudando o consumidor a identificar as marcas que realmente se preocupam com importantes padrões de performance social e ambiental, sendo transparente também em seus números e resultados.

A Certified B-Corporation certifica empresas de diferentes indústrias.

Para tanto, tais empresas passam por rigorosas mudanças contratuais e só assim recebem a certificação. Isso, explica o idealizador do projeto, Jay Cohen Gilbert, é a garantia de que a empresa não mudará sua conduta a cada troca de diretoria e ainda garante que a empresa não está se certificando apenas como uma jogada de Marketing.

Esse é um movimento que retrata bem a carência do consumidor no século XXI: conseguir diferenciar o bom marketing do bom negócio. Quanto mais virmos marcas tentando se tornar “queridinhas” usando de artifícios como um glossário diferenciado, mais essas palavras perderão valor e mais precisaremos nos atentar ao que, de fato, acreditar e trazer para nossas casas.

Para quem tiver interesse, vale visitar o site da B-Corp – tem muita informação disponível, bem como as marcas já certificadas por eles.

Vamos lá! Vamos #Bthechange e trazer esse selo para perto do consumidor brasileiro!

http://www.bcorporation.net/

Foto: Thinkstock

Juliana Bechara é formada em Relações Internacionais pela FAAP, em São Paulo. Durante uma viagem acadêmica aos Estados Unidos, descobriu uma empatia pelas causas ambientais e de desenvolvimento sustentáveis. Amante de natureza e observadora dos movimentos sociais, morando em Nova York, tem se dedicado à colaboração com iniciativas social-inovadoras, além de um Mestrado em Sociologia, onde pretende buscar respostas para os movimentos que vêm mudando nosso mundo e hábitos de consumo. De Nova York, ela trará tudo relacionado à Agenda Verde e Sustentável Americana, com encontros, eventos, produtos e iniciativas que sirvam de exemplo e inspiração para cidadãos brasileiros.

Juliana escreve às quintas-feiras aqui no Universo Jatobá.

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