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Adenomastectomia – um ato extremo pela saúde

por Dr. Thomas Moscovitz

Causou polêmica a atitude da atriz Angelina Jolie de retirar os seios para prevenir o câncer de mama. Ela se submeteu a uma adenomastectomia dupla, que consiste em extrair as duas glândulas mamárias, ou seja, os seios, preservando a pele, para reduzir as chances de desenvolver câncer de mama.

Aos 37 anos, ela foi apontada pelos médicos como parte de um grupo de risco e tinha 87% de chance de desenvolver câncer de mama e 50% de chance de ter câncer de ovário por conta de um gene mutante, o BRCA1 – que atribui à mulher 70% de risco de ter a doença. O BRCA2 também se enquadra nesta situação e oferece, em média, 50% de risco. Estes genes falhos também aumentam o risco de câncer no ovário.

Segundo entrevista de Jolie para o jornal americano The New York Times, ela decidiu ser proativa e reduzir o máximo do risco que está correndo. A mãe da atriz lutou contra a doença por quase dez anos e morreu ainda nova, aos 56 anos de idade. Ela também alegou ter medo de deixar os herdeiros. Jolie é mãe de seis filhos, três biológicos (Shiloh, Knox e Vivienne) e três adotados (Maddox, do Camboja, Zahara, da Etiópia e Pax do Vietnã).

O processo de retirada dos seios durou nove semanas e a chance da doença aparecer caiu para 5%.
A adenomastectomia dupla é a forma mais radical de enfrentar o alto risco de câncer de mama que atinge 0,2% das mulheres que portam este gene, o que indica uma predisposição à doença.

De acordo com Dominique Stoppa-Lyonnet, chefe do serviço de genética oncológica do Instituto Curie de Paris, na população geral, uma mulher em cada dez, sem acrescentar nenhum outro fator de risco, sofrerá câncer de mama antes de chegar aos 70 anos. No final do ano passado, a mulher do cantor Ozzy Osbourne, Sharon Osbourne, também revelou a uma revista que havia passado por uma adenomastectomia dupla após descobrir ter o gene BRCA1.

Quando a mulher opta pela retirada preventiva das mamas, sem dúvida passa por uma difícil fase até tomar esta decisão dolorosa, que, porém, é uma forma de salvar a sua própria vida. É fundamental que tenha o apoio do companheiro para que não desenvolva problemas com a autoestima; é aconselhável um trabalho psicológico pré-cirurgico. É de suma importância que a paciente tenha consciência de que a decisão deverá ter um acompanhamento adequado, pois o risco da doença aparecer, apesar de menor, sempre existirá, por conta da fina camada das glândulas que é preservada para que a pele não necrose.

Apesar deste cenário que está sendo tão discutido nos últimos dias, é fundamental lembrar que não é só porque a pessoa possui as mutações genéticas que, consequentemente, desenvolverá a doença. O câncer, para aparecer, depende de outros fatores também, especialmente ambientais. O exame para detectar se a mulher possui essa mutação – feito por Jolie – também existe no Brasil e custa de 5 a 9 mil reais. Os critérios para ele ser realizado são: histórico familiar com câncer de mama ou ovário, jovens com menos de 30 anos  e o subtipo de câncer  triplo negativo, com chance maior de ser uma mutação no gene BRCA1.

 

Dr. Thomas Moscovitz – Doutor pela Faculdade de Medicina da USP

Especialista em: Ginecologia – Obstetrícia – Videolaparoscopia – Videohisteroscopia

Assistente Voluntário do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

Médico Ginecologista na Granmedic

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